Tentando colocar alguma ordem numa pequena pilha de desenhos livres, pedi que as meninas me ajudassem a identificar quem havia desenhado cada um. Por motivo de fluidez, utilizarei nomes fictícios no restante desta história.
Eu: De quem é esse desenho?
Mari: Parece do Lucas!
Eu: Ok, Lucas, anotado, e este daqui, de quem será que é?
Paula: Ah, esse é do Henrique!
Eu: Muito bem, anotado, e este?
Ana: Esse é meu!
E assim continuamos, até que de repente...
Eu: E esse aqui, é de quem?
Mari: Ui credo, meu que não é, eu nunca faria uma rabisqueira dessas!
Eu: Peraí, agora que estou vendo... tem um nome aqui atrás... Paula.
Estando a Paula bem ao lado dela e ainda por cima sendo uma de suas melhores amigas, Mari logo emendou:
- Nossa, Paula, mas ficou lindo seu desenho!
Paula sorriu, genuinamente satisfeita com o elogio.
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008
o mundo aos cinco anos |ponto de vista|
Há uma pequena brincadeira que às vezes faço com meus alunos quando estão se divertindo na hora do recreio, que consiste em chegar devagar atrás deles, tapar os seus olhos com as minhas mãos e dizer:
- Adivinhe quem é!
O primeiro ponto interessante desta história é que sempre acertam de primeira, talvez por eu ser a única pessoa com voz de adulto por perto naquele momento, mas mesmo não sendo um grande desafio, me delicio vendo a alegria deles em acertarem que sou eu.
A segunda parte desta história ocorreu recentemente. Após milhares de acertos prévios, decidi indagar uma aluna como ela soube tão rapidamente que era eu quem tapava os seus olhos. Esperando a resposta "por causa de sua voz", eis o que me respondeu:
- Porque sua mão é macia!!
Juro, por essa eu não esperava.
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- Adivinhe quem é!
O primeiro ponto interessante desta história é que sempre acertam de primeira, talvez por eu ser a única pessoa com voz de adulto por perto naquele momento, mas mesmo não sendo um grande desafio, me delicio vendo a alegria deles em acertarem que sou eu.
A segunda parte desta história ocorreu recentemente. Após milhares de acertos prévios, decidi indagar uma aluna como ela soube tão rapidamente que era eu quem tapava os seus olhos. Esperando a resposta "por causa de sua voz", eis o que me respondeu:
- Porque sua mão é macia!!
Juro, por essa eu não esperava.
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terça-feira, 16 de setembro de 2008
o mundo aos cinco anos |vestindo a carapuça|
O dia estava frio, então decidi começar a aula dentro da sala com a porta e as janelas fechadas, com o intuito de minimizar o fluxo de ar. Já mais quentinhos, nem vimos os minutos passarem, até que a outra professora veio buscá-los para a aula de português. Após abrir a porta da nossa sala, a professora exclamou ao entrar:
- Nossa, que bafo que está aqui dentro!
Rapidamente, a aluna mais próxima dela responde, colocando a mão na boca:
- Ai professora! Fui eu que não escovei os dentes depois do almoço hoje!
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- Nossa, que bafo que está aqui dentro!
Rapidamente, a aluna mais próxima dela responde, colocando a mão na boca:
- Ai professora! Fui eu que não escovei os dentes depois do almoço hoje!
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sexta-feira, 22 de agosto de 2008
o mundo aos cinco anos |o ovo e a galinha|
O tema era ovos. Falamos sobre ovos, observamos ovos, fizemos e comemos ovos mexidos e lemos uma história sobre uma menina que precisava comprar ovos. Na metade da história, a personagem do livro questiona para si mesma quem teria vindo antes, o ovo ou a galinha. Como todo bom professor, me aproveitei da situação e lancei a mesma dúvida a eles:
Eu: Quem vocês acham que veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Todos os alunos: A galinha!
Eu: Ah, ok, mas... de onde veio essa galinha?
(silêncio curto)
Quase todos juntos: De um ovo!
Eu: Certo, mas... quem botou esse ovo?
(silêncio um pouco mais longo)
Alguns alunos: Uma galinha!
Eu: Aham, mas... e de onde veio ESSA galinha?
(silêncio e algumas piscadas de olhos)
Três alunos: De um ovo...
Eu: Aham, aham... e esse ovo...
(silêncio e muitas piscadas de olhos)
1 aluno: Veio de uma galinha...
Eu: Muito bem, mas... e de onde veio ESSA galinha?
O silêncio agora era absoluto e mais nenhum olho piscava, mas era quase possível ouvir seus cérebros tentando fazer algum sentido daquilo tudo. Terminei a história com aquela agradável sensação de dever cumprido. Afinal, nada como a inquietação para nos levar mais próximos à verdade.
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Eu: Quem vocês acham que veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Todos os alunos: A galinha!
Eu: Ah, ok, mas... de onde veio essa galinha?
(silêncio curto)
Quase todos juntos: De um ovo!
Eu: Certo, mas... quem botou esse ovo?
(silêncio um pouco mais longo)
Alguns alunos: Uma galinha!
Eu: Aham, mas... e de onde veio ESSA galinha?
(silêncio e algumas piscadas de olhos)
Três alunos: De um ovo...
Eu: Aham, aham... e esse ovo...
(silêncio e muitas piscadas de olhos)
1 aluno: Veio de uma galinha...
Eu: Muito bem, mas... e de onde veio ESSA galinha?
O silêncio agora era absoluto e mais nenhum olho piscava, mas era quase possível ouvir seus cérebros tentando fazer algum sentido daquilo tudo. Terminei a história com aquela agradável sensação de dever cumprido. Afinal, nada como a inquietação para nos levar mais próximos à verdade.
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segunda-feira, 23 de junho de 2008
o mundo aos cinco anos |argumentação|
Como é de costume, tudo corria bem até o momento em que o desentendimento se estabeleceu, gerando a seguinte discussão curta e objetiva:
- Não sou mais sua amiga!
- Você é minha amiga SIM, EU que não sou mais sua amiga!
Diante de tal argumento com pouca margem para resposta, a amiga que primeiramente deserdou a sua amiga e que foi em seguida reerdada para ser impiedosamente deserdada no sentido contrário no instante seguinte se afastou, e as duas só voltaram a brincar juntas dois minutos depois.
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- Não sou mais sua amiga!
- Você é minha amiga SIM, EU que não sou mais sua amiga!
Diante de tal argumento com pouca margem para resposta, a amiga que primeiramente deserdou a sua amiga e que foi em seguida reerdada para ser impiedosamente deserdada no sentido contrário no instante seguinte se afastou, e as duas só voltaram a brincar juntas dois minutos depois.
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sexta-feira, 20 de junho de 2008
o mundo aos cinco anos |fome|
De repente, o Power Ranger preto foi surpreendido:
- Agora vamos todos juntos... Hey! Cadê a pink Power Ranger e a Power Ranger branca?
Ouviu-se uma voz distante... era justamente a pink Power Ranger, que brincava na areia com a Power Ranger branca e gritava:
- Estamos aqui! Estamos fazendo um bolo! A gente já vai!
Neste instante o Power Ranger preto virou para o Power Ranger vermelho e perguntou:
- Os Power Rangers fazem bolo?
O Power Ranger azul, já correndo em direção à areia, se intrometeu:
- Ah, até os Power Rangers têm fome!
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- Agora vamos todos juntos... Hey! Cadê a pink Power Ranger e a Power Ranger branca?
Ouviu-se uma voz distante... era justamente a pink Power Ranger, que brincava na areia com a Power Ranger branca e gritava:
- Estamos aqui! Estamos fazendo um bolo! A gente já vai!
Neste instante o Power Ranger preto virou para o Power Ranger vermelho e perguntou:
- Os Power Rangers fazem bolo?
O Power Ranger azul, já correndo em direção à areia, se intrometeu:
- Ah, até os Power Rangers têm fome!
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quinta-feira, 19 de junho de 2008
série |o mundo aos cinco anos|
Alguns não sabem, mas sou o orgulhoso professor de uma turminha surpreendente de crianças de cinco anos de idade. Durante as horas que passo com eles, testemunho momentos muito preciosos de interação, humor e filosofia. Pois bem, agora decidi que vale a pena registrar estes momentos... eu adoraria poder ler, quando mais velho, sobre as idéias puras e sinceras que eu tinha quando tinha meros cinco anos de idade. Assim, considero este blog uma homenagem e um presente em longo prazo para os meus queridos alunos.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Inauguração e explicação
Começo hoje, no dia do meu 28o. aniversário, o meu primeiro blog. Não sei exatamente qual a minha intenção em iniciar este tipo de registro virtual, apenas agarro-me à esperança de que isso vá se definindo com o passar do tempo.
Quem me conhece sabe que postarei mensagens somente quando eu lembrar que agora tenho um blog. Quem me conhece sabe que muitas vezes o que eu escrevo não faz o menor sentido. Quem me conhece sabe que acredito que tudo é muito simples, basta saber enxergar através da aparente complexidade.
Quanto mais complexo, mais simples
Quem me conhece sabe que postarei mensagens somente quando eu lembrar que agora tenho um blog. Quem me conhece sabe que muitas vezes o que eu escrevo não faz o menor sentido. Quem me conhece sabe que acredito que tudo é muito simples, basta saber enxergar através da aparente complexidade.
Quanto mais complexo, mais simples
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